Arte e Comunicação Multimédia – Mestrado em Multimédia
Maria Manuela Barros Aguiar Pereira
A realidade virtual e a autenticidade
“ cérebro fala com o corpo. O nosso corpo só funciona se o equilíbrio entre a sua temperatura, sal e água permaneça constante, quer nos encontremos no Sahara ou no topo do Everest. Os sentidos enviam mensagens para o cérebro sobre as condições particulares que estão a ser experimentadas pelo corpo. O cérebro envia então uma mensagem para o corpo sobre a forma como deve reagir.
Excerto da exposição “Uma Perspectiva do cérebro” – Pavilhão do Conhecimento
Objectivos
“O Portal dos sentidos”, deverá ter a “pretensão” de demonstrar que, na ausência de um dos sentidos, o ser humano tem a capacidade de “produzir virtualmente” o sentido em falta… uma vez que o desejar, o sonhar, o ansiar, podem ser consideradas sensações de virtualidade dentro da realidade…
Como principal objectivo “O Portal dos sentidos” pretende seguir a missiva de que os sentidos funcionam como verdadeiros informantes do mundo exterior, e obrigar-nos a questionar qual a fronteira entre real e o virtual, uma vez que a conjugação de alguns dos sentidos com os outros, já é por si só causadora de virtualidade…
Será que a realidade pode ser simulada e até mesmo “diluída” com a virtualidade? E o inverso? Mas, será que a tão procurada autenticidade do real no mundo virtual, não poderá ser “representada por formas de arte” simuladoras”? É o que este projecto tentará demonstrar: que os sentidos complementam-se, e provocam, dentro do virtual, uma sensação do real. São eles que transmitem ao cérebro uma série de sensações importantes para que tenhamos esta sensação do real…
Contextualização do real/virtual
Os 5 sentidos, ou até mesmo toda a sensibilidade humana, são talvez os elementos que poderão provocar maior antítese no caminho do ” fazedor da arte” para atingir a obra perfeita…. Para alguns, a perfeição é atingida quando é mínima a diferença entre a realidade e o produto criado. Para outros, o objectivo centra-se na tentativa de a distorcer ou de reinventar, isto é de tornar máxima a diferença entre o real e a obra final. Esta aproximação ou distanciamento da realidade, é de facto antagónica, principalmente no contexto das tecnologias da comunicação, sendo estas vistas como um caminho usado no novo contexto das artes, como é o caso da arte multimédia. Vejamos, três abordagens diferentes da conjugação do virtual com a realidade.
O tão falado Second Life: leva-nos a um ambiente virtual, o qual está, o mais possível, próximo da realidade (apenas um ponto de vista!!!). No entanto, mesmo salientando, que lá, no SL, poderemos ser e ter aquilo que não somos e não temos na Primeira Vida (o outro ponto de vista!!!), não temos acesso a toda a grandeza da realidade humana… os 5 (6)sentidos…
Qual será então o objectivo de perfeição do “fazedor de arte”? Proporcionar a realidade ou a sua simulação?
Para responder a esta pergunta, vejamos o caso de Kyoko: a perfeita Pop-star. Criação japonesa (claro!) nos anos 90’s, que existe entre o real e o virtual. Um dos sites que esta estrela tem na Internet faz a seguinte descrição de Kyoko: “Além de cantora, trabalha num restaurante fast-food de Tóquio, cidade onde os pais também têm um restaurante. Tem fãs no Japão e no mundo inteiro”. Segundo Moisés de Lemos Martins, do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho:“Este corpo sem defeito dá-nos a possibilidade de uma identificação que rompe com as deficiências e as insuficiências de um corpo real. Uma star virtual não está nunca sujeita a doenças, acidentes e problemas sentimentais. A sua imagem é segura(…)”.
Citando Derrick de Kerckhove, na sua obra The Skin of Culture, que defende que:“os media electrónicos são extensões não apenas do nosso sistema nervoso e do nosso corpo, mas também extensões da psicologia humana”. Steven Shaviro reforça esta ideia de Derrick, ao falar em “erotic life of machines”, sobre o videoclip que Chris Cunningham realizou para a canção de Björk “All is full of love”.Mais uma vez o paradigma: a tentativa do virtual aproximar-se à realidade humana – o amor como um sentimento exclusivamente humano aplicado a dois cyborgs, – uma realidade sem autenticidade – pelo menos para já… “os seus movimentos são tão lentos e tão estilizados, que sugerem um “super – humano ” estado de graça”.
Metodologia
· Aperfeiçoamento teórico e maturação do projecto, nomeadamente na escolha dos “canais sensoriais”: excertos das obras literárias e trailer dos filmes a projectar, das músicas, das fragrâncias e outros elementos de tacto (vento, frio, calor…) etc…
- Citações do livro “Chocolate” de Joane Harris + excertos do filme
- Citações do livro “Como Água para Chocolate” de Laura Esquível + excertos do filme
- Citações do livro “O Perfume” de Patrick Süskind + excertos do filme The Perfume: The Story of a Murderer
- Excertos do filme”O Piano” de Jane Campion
- Excertos do filme “O Pianista” de Roman Polanski + excertos do livro de Wladyslaw Szpilman
- Excerto do filme “Kill Bill” de Quentin Tarantino
- Citações do livro “O Amante” de Marguerite Duras + excertos do filme
- Citações do livro “A Senhora das Especiarias” de Chitra Beneju Divakaruni
Neste projecto, não gostaria de ficar só pelos sentidos da visão e da audição, pelo que queria usar elementos como a água (tacto e paladar- criação de goticulas – chuva), ar (olfacto e tacto – criação de vento) e cheiros (olfacto – usar fragrâncias) em todo o projecto…
- Desenho do espaço físico a criar;
- Pesquisa e estudo do software e hardware a usar, de forma a conciliar os vários elementos usados para “autenticar” os 4 sentidos e proporcionar a envolvente para atingir o objectivo definido: “simular” o 5º (o paladar);
- Desenvolver formas de interacção ao nível sensorial, da visualização e audição dos conteúdos, nomeadamente com o uso de sensores e/ou reprodução automática;
- Criação do espaço físico: definição da estrutura física (salas e corredores) e aplicação final de todos os tópicos anteriores e outros aspecto logístico tais como montagem e colocação dos sistemas de automatismo e/ou sensoriais.
Horizonte temporal
Labirinto dos sentidos | Jan | Fev | Mar | Abr | Mai | Jun |
Elaboração da proposta | ||||||
Aperfeiçoamento teórico e maturação do projecto, | ||||||
Pesquisa e estudo do software e hardware | ||||||
Desenvolver formas de interacção ao nível sensorial | ||||||
Criação do espaço físico | ||||||
Conclusão |