O Portal dos Sentidos…

Janeiro 17, 2008

Arte e Comunicação Multimédia – Mestrado em Multimédia
Maria Manuela Barros Aguiar Pereira

A realidade virtual e a autenticidade

cérebro fala com o corpo. O nosso corpo só funciona se o equilíbrio entre a sua temperatura, sal e água permaneça constante, quer nos encontremos no Sahara ou no topo do Everest. Os sentidos enviam mensagens para o cérebro sobre as condições particulares que estão a ser experimentadas pelo corpo. O cérebro envia então uma mensagem para o corpo sobre a forma como deve reagir.

Excerto da exposição “Uma Perspectiva do cérebro” – Pavilhão do Conhecimento

Objectivos

“O Portal dos sentidos”,  deverá ter a  “pretensão” de demonstrar que,  na ausência de um dos sentidos,  o ser humano tem a capacidade de “produzir virtualmente” o sentido em falta… uma vez que o desejar, o sonhar, o ansiar, podem ser consideradas sensações de virtualidade dentro da realidade…
Como principal objectivo “O Portal dos sentidos” pretende seguir a missiva de que os sentidos funcionam como verdadeiros informantes do mundo exterior, e obrigar-nos a questionar qual a fronteira entre real e o virtual,  uma vez que a conjugação de alguns dos sentidos com os outros, já é por si só causadora de virtualidade…
Será que a realidade pode ser simulada e até mesmo “diluída” com a virtualidade? E o inverso? Mas, será que a tão procurada autenticidade do real no mundo virtual, não poderá ser “representada por formas de arte” simuladoras”? É o que este projecto tentará demonstrar: que os sentidos complementam-se, e provocam, dentro do virtual, uma sensação do real. São eles que transmitem ao cérebro uma série de sensações importantes para que tenhamos esta sensação do real…

Contextualização do real/virtual

Os 5 sentidos, ou até mesmo toda a sensibilidade humana, são talvez os elementos que poderão provocar maior antítese no caminho do ” fazedor da arte” para atingir a obra perfeita…. Para alguns, a perfeição é atingida quando é mínima a diferença entre a realidade e o produto criado. Para outros, o objectivo centra-se na tentativa de a distorcer ou de reinventar, isto é de tornar máxima a diferença entre o real e a obra final. Esta aproximação ou distanciamento da realidade, é de facto antagónica, principalmente no contexto das tecnologias da comunicação, sendo estas vistas como um caminho usado no novo contexto das artes, como é o caso da arte multimédia. Vejamos, três abordagens diferentes da conjugação do virtual com a realidade.

O tão falado Second Life: leva-nos a um ambiente virtual, o qual está, o mais possível, próximo da realidade (apenas um ponto de vista!!!). No entanto, mesmo salientando, que lá, no SL, poderemos ser e ter aquilo que não somos e não temos na Primeira Vida (o outro ponto de vista!!!), não temos acesso a toda a grandeza da realidade humana… os 5 (6)sentidos…

Qual será então o objectivo de perfeição do “fazedor de arte”? Proporcionar a realidade ou a sua simulação?

Para responder a esta pergunta, vejamos o caso de Kyoko: a perfeita Pop-star. Criação japonesa (claro!) nos anos 90’s, que existe entre o real e o virtual. Um dos sites que esta estrela tem na Internet faz a seguinte descrição de Kyoko: “Além de cantora, trabalha num restaurante fast-food de Tóquio, cidade onde os pais também têm um restaurante. Tem fãs no Japão e no mundo inteiro”. Segundo Moisés de Lemos Martins, do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho:“Este corpo sem defeito dá-nos a possibilidade de uma identificação que rompe com as deficiências e as insuficiências de um corpo real. Uma star virtual não está nunca sujeita a doenças, acidentes e problemas sentimentais. A sua imagem é segura(…)”.

Citando Derrick de Kerckhove, na sua obra The Skin of Culture, que defende que:“os media electrónicos são extensões não apenas do nosso sistema nervoso e do nosso corpo, mas também extensões da psicologia humana”. Steven Shaviro reforça esta ideia de Derrick, ao falar em “erotic life of machines”, sobre o videoclip que Chris Cunningham realizou para a canção de Björk “All is full of love”.Mais uma vez o paradigma: a tentativa do virtual aproximar-se à realidade humana – o amor como um sentimento exclusivamente humano aplicado a dois cyborgs, – uma realidade sem autenticidade – pelo menos para já… “os seus movimentos são tão lentos e tão estilizados, que sugerem um “super – humano ” estado de graça”.

Metodologia

· Aperfeiçoamento teórico e maturação do projecto, nomeadamente na escolha dos “canais sensoriais”: excertos das obras literárias e trailer dos filmes a projectar, das músicas, das fragrâncias e outros elementos de tacto (vento, frio, calor…) etc…

  • Citações do livro “Chocolate” de Joane Harris + excertos do filme
  • Citações do livro “Como Água para Chocolate” de Laura Esquível + excertos do filme
  • Citações do livro “O Perfume” de Patrick Süskind + excertos do filme The Perfume: The Story of a Murderer
  • Excertos do filme”O Piano” de Jane Campion
  • Excertos do filme “O Pianista” de Roman Polanski + excertos do livro de Wladyslaw Szpilman
  • Excerto do filme “Kill Bill” de Quentin Tarantino
  • Citações do livro “O Amante” de Marguerite Duras + excertos do filme
  • Citações do livro “A Senhora das Especiarias”  de Chitra Beneju Divakaruni

Neste projecto, não gostaria de ficar só pelos sentidos da visão e da audição, pelo que queria usar elementos como a água (tacto e paladar- criação de goticulas – chuva), ar (olfacto e tacto – criação de vento) e cheiros (olfacto – usar fragrâncias) em todo o projecto…

  • Desenho do espaço físico a criar;
  • Pesquisa e estudo do software e hardware a usar, de forma a conciliar os vários elementos usados para “autenticar” os 4 sentidos e proporcionar a envolvente para atingir o objectivo definido: “simular” o 5º (o paladar);
  • Desenvolver formas de interacção ao nível sensorial, da visualização e audição dos conteúdos, nomeadamente com o uso de sensores e/ou reprodução automática;
  • Criação do espaço físico: definição da estrutura física (salas e corredores) e aplicação final de todos os tópicos anteriores e outros aspecto logístico tais como montagem e colocação dos sistemas de automatismo e/ou sensoriais.

Horizonte temporal

Labirinto dos sentidos Jan Fev Mar Abr Mai Jun
Elaboração da proposta
Aperfeiçoamento teórico e maturação do projecto,
Pesquisa e estudo do software e hardware
Desenvolver formas de interacção ao nível sensorial
Criação do espaço físico
Conclusão

Biliografia

KERCKHOVE, Derrick de, 1997 [1995], A Pele da Cultura – Uma Investigação sobre a Nova Realidade Electrónica, Lisboa, Relógio D’ÁguaMARTINS, Moisés de Lemos, Intervenção na primeira sessão plenária do VI Encontro da Federação Lusófona de Ciências da Comunicação (LUSOCOM), acolhido pelo III.º Congresso Português da Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação (SOPCOM)
SHAVIRO, Steven, 2000, «The Erotic Life of Machines (Björk and Chris Cunningham, “All Is Full of Love”)»

Referência Internet

http://www.inbot.com.br/novo/noticias09_bonita.htm
http://www.citi.pt/homepages/espaco/html/idoru.html
http://www.citi.pt/homepages/espaco/html/kioko.html
https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/995/1/mois%C3%A9smartins_SOPCOM_2004.pdf
 http://www.criticaliteraria.com/9722017330
Vídeos youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=GVkpiILA4rw – videoclip Björk – All is full of love
http://www.youtube.com/watch?v=7Zgi-sGi_64 – Björk and Chris Cunningham entrevista
http://www.altx.com/ebooks/download.cfm/hardcode.pdf – excerto do artigo ROBOTIC de Steven Shaviro acerca do videoclip Björk – “All is full of love”
http://www.pavconhecimento.pt/exposicoes/modulos/index.asp?accao=showmodulo&id_exp_modulo=333&id_exposicao=12 -exposição “Uma perspectiva do cérebro” – Pavilhão do Conhecimento

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Janeiro 11, 2008

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